sábado, 29 de outubro de 2016

Different Class , o conto, by Irene Leite (2015)



Sou uma apaixonada por cultura pop. Este ano lanço um mini conto , em que reconto o clássico álbum da britpop dos anos 90, Different Class, da autoria dos icónicos Pulp.
Tal como Jarvis impregna tão eficazmente nas suas canções, podem esperar algum non sense e humor (tentei) neste pequeno conto que aborda as pessoas comuns, shoppings e supermercados.



 © obvious: http://lounge.obviousmag.org/musical_insane/2015/05/di.html#ixzz4OT7eO7Jg Follow us: @obvious on Twitter | obviousmagazine on Facebook

Tento narrar o icónico registo Different Class ao máximo.Traduzi algumas músicas (Pencil Skirt, Feeling Called Love, Underwear, Disco 2000, Live Bed Show) e enquadrei-as na história que construí. Jarvis Cocker facilitou-me imenso a vida, pois os seus vídeos e letras são verdadeiras histórias carregadas de non sense, como eu tanto aprecio.

Prólogo
Segunda de manhã, ai que vontade de ficar na cama. Não há nada para fazer mesmo! Porquê viver no mundo, se a cabeça pode ser o nosso palco?
Mas estou a fugir das minhas responsabilidades. Afinal de contas , é hora de ir ao psiquiatra. É que há “monstros que ainda não foram ultrapassados”. Quer uma apresentação, doutor? Vamos a isto!
Tenho 35 anos, continuo solteiro, mas com algum juízo. Não o tomo por completo, porque quero poupá-lo. Ah! Ah! Que o meu irmão não leia estas minhas confissões, pois sente-se logo frustrado. A terapia que tentou inculcar-me falhou…redondamente!
O importante é que “sobrevivi” a uma paixão louca, daquelas que nos deixam muito ceguinhos. E agora, pensando melhor, a rapariga nem era nada de especial. Ok, há uma pontinha de inveja nestas minhas palavras.
Encontrei-a há meses, ainda bela, com os seus filhos num …supermercado! Argh , que maldição. Continua bem casada com o Tomás e dedicou-se a tempo inteiro à maternidade.
Às vezes penso como teria sido a minha vida com esta mulher se tivesse a oportunidade na minha juventude de namorá-la. Mediante todas as loucuras que fiz por ela , não poderia ser só desejo…. O meu irmão falhou mais uma vez. Não me apareceram mais “Déboras” e eu por aqui fiquei… taciturno, lúgubre.
Claro que muitas mulheres passaram pelo meu caminho, mas nenhuma era como ela. Eu bem tentava encontrar semelhanças nas minhas namoradas, mas… Nada! Ninguém era uma representação tua. Nem de perto, nem de longe!
E o resultado está à vista. Tornei-me num neurótico, que passa a vida em supermercados , tentando ser o que nunca fui…uma pessoa comum!
Eu quero uma vida, senhor doutor!






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